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História

A história do Lindóia Tênis Clube iniciou-se quando os primeiros moradores do loteamento Jardim Lindóia percebam a necessidade de ter um espaço onde pudessem reunir as famílias para confraternizar. Até então, os encontros aconteciam embaixo de uma figueira ou no armazém do Romeu, como recordam alguns dos fundadores. Numa dessas ocasiões, surgiu a ideia de criar um clube, concretizada com a fundação do Lindóia T.C., em 10 de novembro de 1955. A construção das dependências começou aos poucos e contou com a participação ativa da comunidade, que arrecadou verbas e auxiliou diretamente nas obras.

Para voltar ao começo dessa trajetória de 56 anos, é preciso relembrar o surgimento do loteamento. No final da década de 1940, Porto Alegre expandia-se para o Norte, acompanhando o processo de industrialização dos municípios de Gravataí, Canoas e Viamão. Consciente do potencial da zona Norte, o corretor de imóveis Arno Friedrich comprou uma área de 77 hectares para construir um bairro residencial, com 1,5 mil terrenos e excelente infraestrutura. Em 1948, Arno associou-se a Armando Michelsen e Henrique Hunte e, com eles, criou uma construtora continental, que mais tarde passou a se chamar Construtora Lindóia.

A partir de 1951, iniciou-se a comercialização dos lotes. A venda foi rápida devido às facilidades de crédito oferecidas pelo empreendimento. Porém, havia rígidos critérios na ocupação do loteamento: só poderiam ser construídas casas de alvenaria. É que na visão de Arno e Armando, indústrias, comércio e escolas desfigurariam o ambiente residencial proposto no projeto. Eram prioridades de investimento praças, calçamento e arborização da região. Na década de 1960, já era visível o desenvolvimento do Jardim Lindóia.

Arno Friedrich e a esposa, Gládis, sugeriram o nome do bairro. A inspiração veio depois de uma viagem a São Paulo. Eles visitaram o balneário de águas termais Águas de Lindóia e chegaram a Porto Alegre com essa sugestão, que prontamente foi aceita pelos sócios. Segundo a lenda, Lindóia era o nome de uma índia bela e guerreira. Essa história foi relatada pelo escritor Basílio da Gama em um dos seus mais conhecidos poemas, “A morte de Lindóia”.

A morte de Lindóia

Um frio susto corre pelas veias
De Caitutu que deixa os seus no campo;
E a irmã por entre as sombras do arvoredo
Busca com a vista, e treme de encontrá-la.

Entram enfim na mais remota, e interna
Parte de antigo bosque, escuro e negro,
Onde, ao pé duma lapa cavernosa,
Cobre uma rouca fonte, que murmura,

Curva latada e jasmins e rosas.
Este lugar delicioso e triste,
Cansada de viver, tinha escolhido
Para morrer a mísera Lindóia.

Lá reclinada, como que dormia,
Na branda relva e nas mimosas flores,
Tinha a face na mão e a mão no tronco
Dum fúnebre cipreste, que espalhava

Melancólica sombra. Mais de perto
Descobrem que se enrola no seu corpo
Verde serpente, e lhe passeia e cinge
Pescoço e braços, e lhe lambe o seio.

Fogem de a ver assim sobressaltados
E param cheios de temor ao longe;
E nem se atrevem a chamá-la e temem
Que desperte assustada e irrite o monstro,

E fuja, e apresse no fugir a morte.
Porém o destro Caitutu, que treme
Do perigo da irmã, sem mais demora
Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes

Soltar o tiro, e vacilou três vezes
Entre a ira e o temor. Enfim sacode
O arco e faz voar a aguda seta,
Que toca o peito de Lindóia e fere

A serpente na testa, e a boca e os dentes
Deixou cravados no vizinho tronco.
Açoita o campo com a ligeira cauda
O irado monstro, e em tortuosos giros

Se enrosca no cipreste, e verte envolto
Em negro sangue o lívido veneno.
Leva nos braços a infeliz Lindóia
O desgraçado irmão, que ao despertá-la

Conhece, com que dor! no frio rosto
Os sinais do veneno, e vê ferido
Pelo dente sutil o brando peito.
Os olhos, em que Amor reinava, um dia,

Cheios de morte; e muda aquela língua,
Que ao surdo vento e aos ecos tantas vezes
Contou a larga história de seus males.
Nos olhos Caitutu não sofre o pranto,

E rompe em profundíssimos suspiros,
Lendo na testa da fronteira gruta
De sua mão já trêmula gravado
O alheio crime, e a voluntária morte.

E por todas as partes repetido
O suspirado nome de Cacambo.
Inda conserva o pálido semblante
Um não sei quê de magoado, e triste,

Que os corações mais duros enternece.
Tanto era bela no seu rosto a morte!

Fonte: Portal São Francisco